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Nas últimas 24 horas morreram aproximadamente 1000 (mil) mulheres no mundo com problemas relacionados à gestação, ao parto e ao período puerperal. Entre elas, 570 viviam na África; 300 no Sudeste Asiático e somente 5 em países de alta renda. Mulheres grávidas continuam morrendo devido a quatro causas principais: hemorragia severa após o parto, infecções, distúrbios hipertensivos prévios ou relacionados à gestação e abortos inseguros.

Essas mulheres morem todos os dias simplesmente porque não há um atendimento médico e hospitalar ou quando ele existe é de péssima qualidade, não oportunizando a essas gestantes um diagnóstico adequado e um tratamento ou conduta médica que simplesmente resolva ou minimize os problemas encontrados.

Essas mortes não estão relacionadas ao tipo de parto oferecido às pacientes (parto normal ou cesariana), mas simplesmente a absoluta inépcia dos governos, da sociedade, dos médicos, das organizações e sociedades médicas e humanitárias em prover uma melhor qualidade assistencial a essas mulheres.

O Brasil ratificou em 2002 a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (Cedaw, na sigla em inglês) da ONU (ele foi adotado pela Assembléia Geral da Onu em 18 de dezembro de 1979 e entrou em vigor em 03 de setembro de 1981). Nessa convenção há o compromisso de cada país signatário de, entre outros obsjetivos, reduzir a mortalidade materna. O Brasil pouco avançou nesse quesito, mantendo a taxa histórica de aproximadamente 70 óbitos para cada 100.000 nacidos vivos (http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2011/C03b.htm). Em números absolutos isso significa aproximadamente 1600 mortes/ano, sem contar que algumas regiões do país sequer conseguem fornecer essa informação e os próprios relatórios oficias admitem a possibilidade de haver uma subnotificação em relação a isso. A taxa ideal e que se observa em países desenvolvidos é de 5 a 15 óbitos maternos para cada 100.000 nascidos vivos. Em relação à redução pretendida com a convenção da ONU, o Brasil foi o 4º país que menos reduziu esse tipo de óbito.

Não há como se falar em nascimento, discutir parto normal ou cesariana, sem ter em mente a dura realidade ainda vivenciada por muitas e muitas mulheres grávidas ao redor do mundo

A gestação e o nascimento humano passaram no último século e, principalmente nas últimas décadas, por profundas modificações. Essas modificações foram fruto de avanços significativos nas áreas da obstetrícia, ultrassonografia, medicina fetal e anestesiologia e que permitiram que hoje se entenda o feto como paciente e se compreenda perfeitamente seu comportamento, suas necessidades e seus pontos frágeis. Esses avanços não estão acessíveis a todos os pacientes, havendo uma lacuna enorme entre o que poderia ser feito e o que realmente é ofertado às gestantes e puérperas em nosso país e ao redor do mundo. Eu, já do alto de 20 anos de profissão, presenciei boa parte dessas mudanças chegarem e serem incorporadas ao dia-a-dia do consultório melhorando continuamente os resultados obtidos para o grupo de pacientes que tem acesso a essa medicina de ponta.

O objetivo desse artigo não é apontar uma solução para essa desigualdade no atendimento oferecido às pacientes, mas sim orientar o público leigo sobre o surgimento de tendências verdadeiramente perigosas dentro da minha especialidade, fruto de radicalismos e conceitos totalmente ultrapassados, mas que ainda encontra eco nos dias atuais.

Deixo claro que esse artigo não tende a defender a cesariana ou parto normal. Essa polarização não tem absolutamente nenhum sentido. A discussão sobre qual a melhor via de nascimento não leva a lugar algum. Polarizar normalmente traz mais malefícios que benefícios.

Eu, por convicções pessoais, sou um “cesarista” e acredito que essa é a melhor e mais segura forma de nascimento nos dias de hoje, mas como escrevi acima, não pretendo radicalizar ou mudar a opinião de quem é contrário ou pensa de forma diferente. Meu objetivo com essa publicação é mostrar às pacientes, grávidas e não grávidas, que o romantismo envolvendo o parto normal, principalmente aquele realizado fora de ambiente hospitalar representa um retrocesso em relação à assistência médica e um risco que invariavelmente culmina com a perda de vidas preciosas. A exposição do bebê ao nascer a um ambiente sem adequado preparo para potenciais problemas que possam advir é, no mínimo, criminoso. Quando tudo dá certo – legal – show – mas e quando as coisas saem do controle? Será que as pacientes têm consciência desses riscos? Será que tentativas que ocorreram mundo afora relacionadas com o parto domiciliar foram bem sucedidas? Todas as histórias tiveram o “final feliz” que lemos nas revistas e jornais?

Com análises sérias de estatísticas e a opinião de várias sociedades de ginecologia e obstetrícia mundo afora é que escrevo esse artigo. Apesar da minha convicção pessoal, como frisei anteriormente, não pretendo induzir ninguém a ser radical. Apenas desejo, com esse artigo, esclarecer que, se o parto é humanizado (termo que repetidamente ouço como um mantra) a cesariana está longe, muito longe, de ser algo “desumanizado”. Ignorar esses avanços médicos e se expor à riscos desnecessários me parece muito mais desumano e violento, principalmente quando o ator principal (bebê), não pode expressar sua opinião a respeito. Eu, como “cesarista” que sou, quando ouço comentários sobre o parto humanizado e sobre violência obstétrica, não me sinto um “desumanizador” e muito menos "violento" em relação aos nascimentos que realizo. Mas essa é a minha forma de pensar e agir...

Os defensores do parto normal alegam que a cesariana expõe a mãe e o bebê a maiores riscos. As estatísticas que são apresentadas normalmente incluem cesarianas que são realizadas e que apresentam complicações em pacientes que foram expostas a horas e horas de tentativa infrutífera para um parto normal (quando desde o início do trabalho de parto já havia uma indicação formal para a realização de uma cesariana). Forçar um parto em uma paciente que não apresenta uma adequada condição para o mesmo é desumano e violento. Incluir a complicação advinda de uma cesariana indicada tardiamente e em momento inadequado, me parece - além de desumano e violento - muito desonesto.


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